sexta-feira, 26 de setembro de 2008

A CARTA QUE NÃO TE ESCREVI

Não tenho o seu endereço...
Não sou o que pareço, nem me reconheço...
Se me olho numa sala de espelhos
Vejo muitos "eus" em plena liberdade
Cada um no seu espaço, no seu reflexo...
Não me reconheço quando me entrego
Sou água cristalina em tuas mãos
Mato a sede e desapareço por entre os dedos
Pra você não tenho segredos
Sou temerosa, tenho medos
Apesar de tanta vaidade, tanto ego!
É verdade e não nego...
Amo cada pedacinho de você
Amo cada explosão
Amo cada rendição
Amo cada toque
Amo cada olhar
Amo o certo e o errado..
Amo o verso e o translado..
Quanto tempo vamos contemplar
A felicidade de gostar?
O tempo não existe...
E você descobrirá...
Que fui feita pra você
Então desiste..
De querer fugir..
Eu caí no teu abraço..
Estou aqui...
É fato!

P.S.

(Luciana Carvalho de Oliveira)

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A PERSEGUIÇÃO DE KATHRINE (18.06.2001)

Era noite...
Caminhava por uma rua
Mal iluminada
E, totalmente deserta

A cidade dormia...
Repousava em profundo silêncio.
Além dos meus passos.
Nada se ouvia...

Começava a chover...
Procurei um abrigo
E, tremendo de frio,
Ali mesmo fiquei.

Ouvia-se risos...
Vinham em minha direção
Um medo terrível
Tomou conta de mim!

Ao longe...
Dois homens maltrapilhos
Se aproximavam...

Eu estava sozinha...
E desprotegida
Numa reação desesperada
Apertei o passo...

E comecei a correr...
Entrei por ruas desconhecidas
Becos e favelas...
Estava "perdida!

Um carro se aproxima,
Ascende os faróis.
Continuo andando...
E o carro acelera!!!

Ponho-me a correr...
Fugir é o que preciso!
Até avistar...
Um portão aberto.

E ali entrei...
Fiquei escondida
Até que...ufa!
O carro foi embora.

De repente!!!
Algo me agarrou...
Eu gritei!!!
Pensei que era meu fim...

Ele estava em cima de mim
Eu não tinha mais como reagir...
e agora?!

Foi quando ouvi uma voz...
--Kathrine!!!
Acorda...você vai se atrasar para a escola!!!

(Luciana Carvalho de Oliveira 18.06.2001)

QUEBRA - MAR (01.08.2006)

Aqui neste quebra-mar, amo sem querer. Caio em contradição, pois você é tudo aquilo que eu sempre quis ter. A face da moeda tem a cara destorcida. Os valores de uma vida inteira foram arremessados no escuro. Tampa da garrafa que não sai, amor que mesmo implorando não quer partir. Não consigo entender o poeta.
Fala que sofrer dá prazer, e que sofrer é viver... Mas, não vejo esse prazer todo em amar, não vejo tanto amor...no prazer. São duas estradas contrárias, filhas de paralelos que na verdade... não se unem jamais!!! Pura ilusão.O poeta escreve, o poeta fecha o livro, o poeta vê o mar, o poeta diz: --Como o dia está frio. O mar me acalma. O barulho no quebra-mar, a maresia, os respingos...viagens sóbrias para um corpo ébrio. Trêmulo por querer, feliz por não ceder, amargurado por perder...
E no convés aquele homem lembrava de um rosto. Viagem perdida, viagem tão sóbria para um corpo tão ébrio. Que ama sem querer, mas vive razoavelmente bem..longe de você!

(Luciana Carvalho de Oliveira 01.08.2006)

AMOR SECRETO (26.08.2001)

(Esse poema foi um pedido...de uma amiga que vivenciava esta mesma situação na época em que nasceu o texto. Em sua homenagem, Lidiana...será que você ainda lembra da história??? rs...)

Ele chegou...
Balançou meu coração
Consumiu minha razão
Levou minha paz

Criou medos
Trouxe incertezas
Rendeu meu coração

Sorrateiramente
Se abrigou em mim
E com o tempo...
Invadiu minha alma

Brincou de esconder,
Jogou comigo.
Fez refém meu coração
Eternizando-se em mim
Sem se quer acontecer!

(Luciana Carvalho de Oliveira_26.08.2001)

sábado, 6 de setembro de 2008

Garoto Levado

Diga ao amor que ele é filho único
Como pode ser inconsequente?
Como pode meter medo na gente?
Como gosta de correnteza, esse menino!

Garoto levado que se esconde da gente.
Pula muros, sobe em árvores,
Dá nó em pingo d'água,
Brinca de polícia e ladrão
Tem noite que o menino não dorme, não!

Corre contra o tempo
Pois, está só
Cresceu na solidão
Quarto escuro, apertado...
Por isso, prefere a correnteza
Também, filho único, mimado...
Sempre atenderam as suas necessidades.

Hoje, apresentam-lhe o Mundo,
Então, o menino conhece uma Nova Cidade.
Nela, ele buscará alguém para compartilhar...
Seus brinquedos mais caros e divertidos,
Seu parque estruturado por ilusões
Pipoca de ingenuas alegrias...
Maçã do amor caramelada de emoções.

(Luciana Carvalho de Oliveira - 10.12.2006)

Em mim

Bati a porta.
Chutei a cadeira
Abri o chuveiro
E tranquei-me em mim.

Sequei meu corpo
Mas, as lágrimas não.
Abri os olhos...
Mas, a alma se fechou.

(Luciana Carvalho de Oliveira - 25.04.2006)

Segredos da Fé

Pedi aos céus e logo depois desisti. Supliquei respostas para as minhas angústias e elas vieram.
Mas, eu não quis solucionar meus problemas e preferi continuar com os dilemas que eu mesma construi. Nasci, cresci e ainda não morri...O dia que o homem tudo souber, perderá categoricamente a fé. Por isso, citando Clarice Lispector, "Preciso de segredos para viver".

(Luciana Carvalho de Oliveira - 26.08.2007)

Prisma

Pedaços de cristal reluzindo raios de sol. Ofuscando as sombras, colorindo os céus num momento de expansão. Fragmentos esparsos que atingem todas as direções, como o próprio sol faz, iluminando boa parte do globo em seu despertr matinal. Porém, existe o lado escuro, lá os raios de sol ainda não penetraram -- é noite e sinto frio!

Será que conseguirei despertar, descobrir as cores, expandir os pensamentos, aquecer o corpo e afastar as sombras? a neutralidade, a transparência do cristal permite a chegada da luz e o seu reflexo nada mais é do que belíssima refração -- ainda é noite!

Como conhecer sem ver, ouvir, tocar, cheirar e saborear? Sou tão transparente quanto o cristal ou preciso lapidar-me? As cores seduzem a minha íris e reconheço em mim, um ser, espectro solar -- não sinto frio, agora!

Essas percepções sensoriais confundem ou revelam? Pois, um cego sente o calor da luz que se aproxima sem ver, ouvir, cheirar, saborear ou tocá-la. Ele possui maior neutralidade do que eu, percebe o que está ao seu redor sem reconhecer o ser, espectro solar que desperta alguns e confunde outros. Porém, ausente nessas pesoas , sem causar-lhes estranheza, expande os outros sentidos. -- amanheceu!!

O que há atrás da minha íris, além de todo um sistema, organismo vivo que permite a transmissão dessas informações visuais para o meu cérebro?

Íris significa denotativamente, parte do olho colorida, onde fica a pupila. E também, espectro solar. mas, talvez esse nome, íris, esconda mais informaçõe do que imaginamos. Afinal, espectro significa "fantasma", evocação, ilusão... como podemos ter certeza daquilo que enxergamos?

-- Pode ser dia lá fora, aqui dentro continua imensidão de um pequeno universo, céu estrelado !

(Luciana Carvalho de oliveira -26.08.2007)

Angústia

Grito. Uma canção inaudível. Meu peito está dilacerado por uma mão que arranca sonhos plantados em terra fértil. Erva daninha, trepadeira que invade muros...portas e janelas.

Voz que não soa, nem ressoa. Usurpa, restringe e escraviza o coração de uma pessoa.

(Luciana Carvalho de Oliveira - 26.08.2007)

Pílulas de Ilusão

Existe algo obstruindo a passagem do ar
Não consigo respirar. O que acontece?
Preciso de ar, minha existência padece...

Eu não pude te olhar pela última vez
A despedida foi um golpe a sangue frio
Como a morte, certeiro e definitivo

Não pode ter sido amor, não.
O amor cura as dores
Não despedaça flores
O amor revela-se, salvação
Nunca a maldição.

Intoxicação inóspita
Pílulas de ilusão
Telefonemas mercenários
Gotas de paixão
Abraços salafrários
Palavras em vão
Olhares refratários

Lágrimas inverossímeis
Sorrisos forçados
Pensamentos invisíveis
Sentimentos dilacerados

Almanaque de frieza
Páginas de uma história
Inverdades da destreza
Mascarada toda a glória
Arte de dissimular...proeza
Feitiço lunar de rara beleza


(Luciana Carvalho de Oliveira)

Anônimo

As vezes a saudade nos invade
Mesmo com a presença
Das pessoas mais queridas
As vezes ouvimos uma voz
Mas, falta a delicadeza de um sorriso

As vezes agimos como se aquela pessoa
Sempre estivesse no mesmo lugar
Como uma mesinha no centro da sala
Mas, o tempo é implacável
E até a mesinha que dura décadas...
Se desfaz com as horas.

(Luciana Carvalho de Oliveira - agosto 2008)